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Ego de Chamberlain ou conspiração contra a América

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11.03.2025

Começa-se sempre com os factos:

Tudo isto se pode interpretar de várias maneiras mas uma delas, que segue o princípio da parcimónia da célebre “Tesoura de Ockam”, é que se uma coisa parece pato, mexe como um pato, grasna como um pato e cheira a pato… é pato!

E só há duas opções para a natureza deste pato.

Se for este o caso, estamos de regresso a 1938 quando, em Munique, Neville Chamberlain e Edouard Daladier fizeram um acordo com Hitler que garantia, nas palavras do primeiro, “a paz para o nosso tempo”.

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Chocado pela ingenuidade, Churchill disse a Chamberlain que tinha trocado a honra pela paz, mas que não iria ter nem uma nem outra.

Um ano depois, a guerra estava instalada no continente europeu. Para Daladier foi ainda pior. Em 14 de Junho de 1940 as tropas nazis desfilavam triunfalmente pelos Campos Elísios.

Nesta hipótese mais benigna, a premissa de Trump é a de que Putin é fiável e quer mesmo acabar com a guerra.

Ora a premissa é completamente falsa à luz do que se conhece, até pelo facto óbvio de que o ex-coronel do KGB pode acabar com a guerra em qualquer momento que deseje, com um simples estalar de dedos.

Trump pouco entende de estratégia, nem tem na sua entourage alguém que entenda e, por isso, está a interpretar mal as intenções russas, deixando-se aparentemente manipular por inteligentes carícias ao seu enorme ego.

Não sabe, e porventura não quer saber, que a doutrina militar russa (Guerra de Nova Geração) encara a guerra como uma luta contínua em todas as vertentes, a prosseguir em todo o tempo, incluindo aquele que nós designamos por “tempo de paz”.

A Rússia está neste momento totalmente empenhada numa guerra clássica, a produzir equipamento militar como se não houvesse amanhã e a introduzir na Europa armas, munições, soldados e equipamentos da China, Irão e Coreia do Norte.

Os objetivos da Rússia são retóricamente ambíguos mas consistentes na substância: impedir a adesão da Ucrânia à OTAN, derrubar o governo Zelensky, destruir o tecido demográfico e territorial da Ucrânia, anexar territórios, enfraquecer o Ocidente e restaurar a influência imperial. Tudo isto para minar o Ocidente e promover uma ordem multipolar na qual se vê e quer ser vista como um dos três centros de poder, a par da China e dos EUA.

A “desnazificação” a “desmilitarização”, a “protecção das minorias russas”, etc., são meras máscaras de novilíngua para as ambições imperiais, mas confundem efectivamente o Ocidente que as tenta tomar pelo seu valor facial. A........

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