A Europa e a ilusão do Fim da História
Em 1919, o geógrafo inglês Mackinder desenhou uma visão do mundo que ainda hoje orienta a análise e a tomada de decisões de estrategas e políticos.
Segundo ela, a Europa e a Ásia (Eurásia) constituem a “Ilha Mundo”, em torno de cuja zona central (Heartland) tendem a ocorrer os grandes eventos mundiais ligados à guerra e à paz. Este Hearland incluía o espaço ocupado pelos países bálticos, Bielorrússia e Rússia oriental. Em torno do Heartland existe um cinturão de regiões marginais, dispostas num amplo “arco”, que inclui a Europa Ocidental, Turquia, Índia e China, regiões acessíveis a partir do mar. A restante massa terrestre era apenas um crescente exterior ou insular, sem grande importância geopolítica a não ser equilibrar ou intervir contra os poderes continentais que dominassem o Heartland. Segundo Mackinder, quem controlasse o Heartland controlaria a Ilha Mundo e quem controlasse esta, dominaria o Mundo.
É esta a lógica geopolítica que molda há muito o pensamento estratégico russo, de Estaline a Putin, que considera a Finlândia, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Bielorrússia, a Ucrânia, a Moldávia e até a Roménia e a Bulgária fundamentais para a segurança da Rússia. Sem uma qualquer dissuasão militar, a Rússia tenderá a estender a toda a Europa os seus interesses imperialistas, como fez Estaline no final da Segunda Guerra Mundial.
Na década de 40 Nicolas Spykman, professor de Yale, modificou a teoria de Mackinder.
Para ele o mundo era composto por cinco grandes ilhas continentais: América do Norte, Eurásia, América do Sul, África e Austrália, sendo a Eurásia a chave para a dominação mundial. Os territórios em torno do Heartland, que designou de Rimland,........
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