PSD: o partido charneira do regime
Está em curso uma operação silenciosa de alteração das estruturas de competição partidária em Portugal. As suas consequências são ainda imprevisíveis. Durante os últimos 30 anos, desde que Guterres chegou ao poder, em 1995, depois do longo consulado de Cavaco Silva, o PS havia consolidado o seu poder eleitoral e na máquina do Estado. Sob o ponto de vista eleitoral, com raras excepções, o PS tirou partido de períodos de crescimento económico para fomentar e cimentar a construção de clientelas que se tornaram a base eleitoral do partido. Ao mesmo tempo, o partido tomou de assalto a máquina do Estado, instalando pessoas da sua confiança em praticamente todos os lugares-chave.
As consequências das vitórias eleitorais sucessivas e da centralidade dos socialistas na vida política portuguesa, especialmente a sua capacidade de moldar a percepção do eleitorado como sendo o partido responsável pela redistribuição da riqueza, tornaram o partido uma verdadeira máquina de poder. Ao mesmo tempo, a capacidade de vencer eleições retirou quaisquer incentivos para o partido ser o agente de mudança em Portugal. A lógica é clara: para quê correr riscos de alienar uma parte do eleitorado quando o sucesso eleitoral tem sido constante? Para quê criar ganhadores e perdedores de reformas institucionais e sociais quando o status quo está a correr de feição ao partido?
Diferentemente dos socialistas, os últimos 30 anos foram um pesadelo para o PSD. Por um lado, o partido esteve praticamente sempre na oposição, sem acesso às prebendas do........
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