O que fazer com esta vitória?
As declarações de Pedro Passos Coelho no almoço de celebração do aniversário do PSD são, em minha opinião, o facto político mais importante desta campanha eleitoral. Apesar de achar que o antigo primeiro-ministro está acabado para a política, por motivos evidentes e que seria fastidioso ter de voltar a explicar, acho que, naquelas curtas declarações, Passos Coelho apontou aquele que é o calcanhar de Aquiles da governação de Montenegro: a total ausência de uma ideia para o país a médio e a longo prazo. A total vacuidade de ideias não é uma característica única deste governo e, de resto, até é bastante apreciada pelo eleitorado – não há uma coligação maioritária com preferência pela mudança. António Costa, abençoado por estabilidade política durante oito longos anos, deixou o país estruturalmente pior. Não lidou com problemas como a habitação ou a competitividade, que hoje são uma bomba relógio, e criou outros, como a imigração descontrolada, que irão ter consequências sociais e políticas que, a prazo, serão explosivas.
Mas voltemos a Passos Coelho. O antigo chefe de governo disse o óbvio: a existência de estabilidade política não é um fim em si mesmo, mas antes um meio através do qual é possível governar e ir resolvendo os problemas do país, menores e maiores, para, a prazo, conseguir aumentar de forma equilibrada o bem-estar da população. Toda a governação de Montenegro tem assentado numa premissa oposta aquela enunciada por Passos Coelho. Desde o........
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