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Há semanas em que acontecem décadas

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13.02.2025

Existe um escrito apócrifo atribuído a Lenine segundo o qual o revolucionário Russo teria dito que “há décadas em que nada acontece e há semanas nas quais acontecem décadas”. Este dictum assenta como uma luva à presidência de Donald Trump. Nas últimas três semanas, seguindo a preceito o plano estabelecido pelo Projecto 2025, que havia renegado durante a campanha, Trump e a sua administração, desta vez altamente profissionalizada e preparada, têm-se dedicado a desmantelar o mundo que a América criou no pós-guerra. Em apenas três semanas, aconteceram décadas.

O mundo de ontem, nascido das cinzas da destruição física e moral da Europa Central e do Leste, assentava numa lógica transacional. Os Estados Unidos forneciam um conjunto de bens públicos de organização do sistema internacional e, em contrapartida, os países aliados aceitavam a sua liderança e faziam de Washington a capital de um império mais poderoso do que algum outro na história. Ao contrário do que Trump afirma, este contrato foi altamente benéfico para todas as partes, especialmente para os Estados Unidos. O capitalismo, a globalização, o comércio livre e a troca de ideias trouxeram um nível de progresso e de riqueza ao mundo com o qual os nossos antepassados apenas poderiam sonhar.

Nas últimas semanas, Trump e os seus aliados têm-se dedicado a desmantelar o mundo de ontem e a fazer um conjunto de acções que custarão muito caro aos Estados Unidos e ao Ocidente. Sei que muitos leitores pensarão que estou a exagerar, no entanto, creio que os exemplos que vou dar abaixo provam isto à saciedade. Espero enganar-me e que, daqui a uns anos, posso escrever aqui no Observador um mea culpa.

Em primeiro lugar, mal chegou à Casa Branca, Trump fez uma acção executiva na qual proibia a utilização de fundos federais em programas de diversidade e inclusão. Independentemente daquilo que achemos dos........

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