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E se os portugueses não quiserem imigrantes?

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16.01.2025

Ao assistir à distância às manifestações do passado sábado, não pude deixar de comentar com quem estava comigo o quão diferente o país se tornou na última década e meia. Seguindo o canónico atraso de vinte anos em relação à Europa rica, a imigração explodiu em Portugal e tornou-se, de caminho, um tema com grande saliência na competição política. As manifestações a que assistimos são obviamente muito diferentes. Ao contrário do Dr. Montenegro, que acha que ambas representam os extremos, equiparar moralmente a manifestação do Ergue-te, com motivações marcadamente racistas, à manifestação organizada pela esquerda não faz qualquer sentido. Não concordando com todas as posições de quem desfilou pela Almirante Reis, sei perfeitamente onde separamos a civilização da barbárie. Não sabendo como resolver o enorme problema político e social que o Dr. Costa criou com o regime aberto, mostrando, mais uma vez, que a burocracia portuguesa, com raras excepções, simplesmente não funciona, o Dr. Montenegro perdeu uma bela ocasião para estar calado.

Durante a tarde de sábado, ouvi inúmeros manifestantes de Esquerda, juntamente com figuras gradas do Bloco de Esquerda, do Livre e do Partido Socialista fazerem uma equivalência funcional entre ser a favor da imigração e ser democrata. Nas cabeças iliberais que grassam na esquerda portuguesa, especialmente nas gerações mais novas, aparentemente, só somos democratas se defendermos uma determinada posição. A deles, obviamente. Permitam-me discordar. Ser democrata é aceitar as regras do jogo quando ganhamos e, especialmente, quando perdemos as eleições que servem, no fundamental, para agregar as preferências da população e, ao fazê-lo, escolher agentes políticos para implementar um conjunto de políticas públicas.

Em linha com este raciocínio, vi também comentadores próximos da área do Partido Socialista a escarnecerem do falhanço de mobilização da manifestação organizada pelo........

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