A cloaca do Estado
Cloaca (substantivo feminino)
A semana passada, Pedro Sanchéz, presidente do governo de Espanha, viveu aquele que poderíamos considerar o seu momento José Sócrates. Há uma analogia quase perfeita com o antigo primeiro-ministro português. Durante anos, jornalistas, magistrados, investigadores, foram lançando pistas sobre o comportamento de Sanchéz e do PSOE. Imensas pessoas do círculo próximo de Sanchéz foram envolvidas em suspeitas de corrupção, desvio de dinheiro, obtenção ilícita de vantagens materiais e imateriais. Este grupo de pessoas envolvia gente tão próxima de Sanchéz como a esposa ou o irmão do primeiro-ministro ou, ainda, e muito importante, o seu núcleo duro no PSOE, que o acompanhou desde o momento que chegou à liderança do partido.
Todos que investigavam ou ousavam levantar suspeitas sobre o comportamento do grupo mafioso que tomou conta do PSOE recebiam sempre a mesma reacção da Moncloa e do El País, o braço armado do governo na comunicação social. Infelizmente, durante estes anos, o jornal que nos habituámos a ler como um bastião de seriedade e qualidade tornou-se num pasquim a propagar a mensagem oficial da Moncloa. Não por acaso, há cerca de duas semanas, quando começavam a surgir os primeiros sinais de que o fim poderia estar próximo, a Prisa despediu Pepa Bueno do cargo de directora do El País, substituindo-a por alguém com menos afã de agradar ao chefe e com capacidade de ter um espírito crítico ao ar do tempo em Espanha.
As reacções eram sempre as mesmas. Em primeiro lugar, havia um ataque frontal e impiedoso às instituições e à separação de poderes. Sanchéz e o PSOE acusavam o poder judicial de estar ao serviço da direita e de tentar fazer “um golpe de estado encoberto”, com o objectivo de tentar impedir que um governo progressista e popularmente eleito levasse o seu mandato até ao fim. Em segundo lugar, havia, claro, a utilização da ideia de........
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