Nacionalidade em suspenso
O talento não espera. E o mundo também não.
Há quem queira transformar Portugal num clube exclusivo, onde se espera uma década para receber o cartão de sócio. A proposta de aumentar de 5 para 10 anos o tempo mínimo de residência para acesso à nacionalidade portuguesa é isso mesmo: um retrocesso travestido de prudência. Mas se o país pretende atrair talento, reforçar a coesão social e competir no palco europeu, o caminho é outro.
A nacionalidade não é um prémio de consolação, é uma ferramenta de integração.
Hoje, Portugal está entre os poucos países da Europa onde bastam 5 anos de residência legal para pedir a nacionalidade. E os resultados estão à vista: temos uma das taxas de naturalização mais altas da UE. Todos os anos, milhares de pessoas passam a ser cidadãos de pleno direito, com direitos, deveres e identidade partilhada. Isso não acontece por acaso. A naturalização precoce potência a integração e o investimento no país — económico, social e pessoal.
Agora, imagina duplicar esse prazo. Dez anos de espera. Dez anos a trabalhar, a pagar impostos, a criar raízes… mas sem pertencer. Isso não é prudência. É desconfiança institucionalizada.
Enquanto a Europa avança, Portugal ameaça........
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