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Portugal-Taiwan: Entre a Inércia e a Oportunidade

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18.02.2025

A política externa portuguesa tem sido frequentemente marcada por prudência e um certo conformismo com o status quo. Esta abordagem permitiu evitar conflitos diplomáticos desnecessários, mas também tem levado Portugal, por vezes, a reagir mais do que agir, perdendo oportunidades de reforçar a sua posição internacional. A relação com Taiwan é um desses casos. Enquanto a União Europeia e os seus Estados-membros mais influentes têm vindo a estreitar laços com Taipé, Portugal permanece numa posição de distância, sem representação e sem uma estratégia clara para aprofundar as relações com uma das economias mais dinâmicas da Ásia. O problema não é apenas simbólico – esta falta de envolvimento tem consequências práticas para os cidadãos portugueses, para as empresas nacionais e para a própria relevância do país no cenário internacional.

Taiwan tem um peso estratégico que vai muito além do seu tamanho geográfico. Com uma população de 23 milhões de habitantes e uma economia altamente desenvolvida, a ilha é o centro global da indústria de semicondutores, um sector absolutamente crítico para o funcionamento das cadeias de abastecimento mundiais. Quase todos os dispositivos electrónicos modernos dependem de semicondutores produzidos em Taiwan, desde computadores e telemóveis até automóveis e equipamentos médicos. Para qualquer país que procure garantir autonomia estratégica e reduzir dependências excessivas de mercados menos previsíveis, como o chinês, Taiwan é um parceiro incontornável. Não é por acaso que economias como a alemã, a francesa e a britânica têm investido no reforço das suas relações com Taipé, reconhecendo que ignorar Taiwan é ignorar uma peça-chave do futuro tecnológico e industrial........

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