menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Assim vai a esquerda, suicida, descalça e insegura

8 12
11.06.2025

Desde que as correntes pós-modernistas e da teoria crítica se tornaram consensuais nas universidades, sobretudo a partir das décadas de 1980 e 1990, com o declínio das grandes narrativas e a ascensão do multiculturalismo, passou a existir um corrupio entre ciência e ativismos, em que a ação política, pela sua natureza imediatista, passou a traduzir ideias complexas em chavões para consumo rápido nas redes sociais. O sucesso de certas ideias progressistas em formato meme levou a que as mesmas se tivessem tornado “bens de consumo” para as classes burguesas urbanas, dando início à fragmentação da esquerda, entre a esquerda material, histórica, ligada à luta laboral e económica, e a esquerda cultural, ligada às lutas pela hegemonia cultural.

Foi uma segmentação por opção política, não uma realidade apriorística, dado que pensadores como Gramsci – criador da ideia de hegemonia cultural – ou teóricos como Bell ou Crenshaw – ligados à Teoria Crítica da Raça –, procuravam demonstrar e agir sobre a realidade social, política e económica, no sentido de dar ferramentas de consciência não de classe, mas construir uma plataforma mais ampla para os “subalternos”. Assim, a ideia nunca foi criar um movimento moral que corresponde ao “reencantamento do mundo”, ou seja, à redescoberta de uma religiosidade através de uma........

© Observador