Conversas de direita
A entrevista recente de Marine Le Pen chamou a atenção de vários comentadores políticos franceses. Questionada sobre um eventual apoio a uma redução do número de funcionários públicos em França, a líder parlamentar da União Nacional (RN) retorquiu com um revelador: “não, isso é conversa de direita”. Esta revelação inusitada sobre o posicionamento do seu partido não foi um descuido, nem um inadvertido tombar de máscara. Foi taticismo puro.
Quando herdou a liderança do partido, Marine rompeu com a proposta altamente ideológica de direita reacionária, nacionalista e ultra-liberal concebida por Jean-Marie Le Pen. Aproveitando o enfraquecimento do comunismo e a desconexão dos socialistas com as classes populares e da França industrial e rural, à medida que a esquerda abraçava o multiculturalismo progressista e migratório e a desindustrialização, Marine aproveitou astutamente para criar uma alternativa mais inclusiva. Assim, juntou ao nacionalismo do seu partido uma dose pragmática de socialismo em defesa do Estado-providência e do generoso modelo social francês contra a globalização, a imigração, os grandes consórcios estrangeiros e o monstro tecnocrático e a burocracia de Bruxelas. Assim, a Frente Nacional, com o........
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