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‘Tá bonito, está…

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11.03.2025

Enquanto saboreava um belo leitão com um grande amigo meu e discutíamos projectos futuros alucinantes, escapou-me a vista para um televisor que, no canto da sala e (felizmente) sem som, ia passando as novidades do momento. Estas incluíam preciosidades como “França disponibiliza-se para apoiar Ucrânia com arsenal nuclear”, “China está pronta para guerra comercial – ou qualquer tipo de guerra – com Estados Unidos”, “Alemanha declara investimento de 500 mil milhões para defesa”, e a lista continuava de tal forma animada que tive de tomar algum bicarbonato de sódio quando cheguei a casa, ou não conseguiria digerir o repasto.

Todas estas pérolas, claro, na sequência dos trágicos 11 minutos em que, no dia 28 de fevereiro, J.D. Vance e Donald Trump enxovalharam o pobre Zelenski, pouco depois de ser questionado acerca da ausência de fatos no seu roupeiro, num momento de brilhantismo jornalístico que deverá ter deixado Woodward & Bernstein orgulhosos. A isto seguiram-se as brilhantes tarifas para com o Canadá e México, principais parceiros comerciais dos E.U.A., que automaticamente condenaram os preços de todos os automóveis (e não só) a subirem em flecha, já que o fabrico dos componentes destas máquinas, na América, é partilhado por estes três países, um pouco à semelhança do que os países europeus fazem dentro da U.E.

De repente, o mundo ficou virado de pernas para o ar.

Ironicamente, ou deveria dizer “assustadoramente”, tudo isto segue à risca o que o José Rodrigues dos Santos narra no seu “O Protocolo Caos”, focado na estratégia russa de recuperar o império perdido. Este rumo não é muito diferente do chinês, que pretende celebrar o centenário da sua........

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