Sánchez, o idiota útil?
Em outubro de 2023 publiquei no DN um artigo intitulado O idiota inútil de Pessoa. Era uma provocação, naturalmente. Mas também um aviso. Já então se percebia que Pedro Sánchez não era propriamente um líder político, mas um operador político frio, disposto a vender a alma, e a Monarquia, em troca de mais uns dias no poder. Confesso que pequei por cautela. Até a minha imaginação tem limites, e mea culpa não pude prever que Sánchez e o PSOE fossem tão longe, tão fundo, e com uma rede tão vasta de cúmplices no desvio de recursos públicos.
Hoje já ninguém duvida: o sanchismo não é apenas um estilo de governação, é uma organização. Um sistema de captura institucional que combina aparelhamento político, corrupção moral, nepotismo familiar e uma notável criatividade para transformar o Estado espanhol numa central de tráfico de influências. A diferença entre o Tesouro espanhol e uma incubadora de comissões ilegais é cada vez mais subtil.
Ministros implicados em casos criminais, dirigentes do PSOE sob investigação, contratos milionários de máscaras COVID adjudicados com sobrepreço descarado e comissões atribuídas a amigos próximos, fundos europeus distribuídos numa lógica clientelar, jornalistas perseguidos, juízes pressionados, e, para dar cor a este cenário de corrupção sistémica, uma primeira-dama investigada por negócios ilícitos, enquanto o irmão do primeiro-ministro responde em tribunal por tráfico de influências. A corrupção no sanchismo não é um acidente, é a consequência lógica de um sistema desenhado para se autopreservar. Nem Camilo Castelo Branco teria tanta imaginação.
Dirão alguns que é exagero, que o Governo resiste, que a economia até cresce. Pois bem, também o Titanic tinha orquestra até........
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