menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Assim vai a democracia

9 1
11.05.2025

As referências de Donald Trump ao Canadá como um possível 51º Estado dos Estados Unidos prejudicaram os nacionalistas e conservadores canadenses, ou seja, aqueles que, no Canadá, defendem o mesmo que ele defende nos e para os Estados Unidos e que estavam largamente à frente nas sondagens quando Trudeau saiu. Um nacionalista americano tem de respeitar um nacionalista canadiano, se não acaba por ceder terreno aos globalistas em nome do nacionalismo.

Outra eleição perdida pelos conservadores foi na Austrália. Embora o presidente americano tenha negado qualquer afinidade com Peter Dutton (o candidato conservador australiano, derrotado na eleição do passado fim-de- semana) e se tenha declarado amigo do vencedor (o trabalhista Anthony Albanese), o facto é que Dutton se reclamou pró-trumpiano – o que, com a polémica à volta das tarifas, se pode ter transformado num activo tóxico.

Também foi de mau gosto a imagem de Trump vestido de papa, numa inqualificável, gratuita e ofensiva mistura de Inteligência Artificial e Estupidez Natural. Entretanto, o presidente americano já reagiu, e com contenção entusiasmada, à eleição do seu compatriota Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV. A escolha do nome é auspiciosa – Leão XIII foi o grande papa social do final do século XIX que, com a encíclica Rerum Novarum traçou uma “terceira via” entre o socialismo marxista e o capitalismo liberal, na linha de vários pensadores e movimentos católicos de leigos, como os Cercles Catholiques d’Ouvriers. A Rerum Novarum de 1891 marcou a doutrina social da Igreja, de que o mundo de hoje bem precisa.

Trump parece dar razão aos seus críticos na aplicação das famosas tarifas. O uso de tarifas, de barreiras e taxas alfandegárias, como instrumento de política económico-financeira para alcançar determinados objectivos, como a redução do déficit externo ou a reindustrialização de certas actividades, é justificável e defensável, mas a sua determinação e aplicação não pode ser genérica, indiscriminada, como se houvesse uma conta de deve e haver entre a América e o resto do mundo ou como se “o resto do mundo” fosse todo um bloco.

O homem por detrás deste modelo tarifário e o principal conselheiro do Presidente na matéria é Peter........

© Observador