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“Nada substitui a vitória”

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26.01.2025

Não é um espectáculo edificante, mas não era de esperar que que fosse. Como dizia o general Douglas MacCarthur, herói de muitas guerras, “There is no substitute for victory”. E como nada substitui a vitória ou tem a sua força, entre 5 de Novembro e 20 de Janeiro, foram partindo para Mar-a-Largo, em romaria física ou mental, de joelhos ou segurando as velas da racionalidade política, bilionários, intelectuais, políticos, jornalistas, comentadores, analistas. E ainda lá hão de ir mais.

Jeff Bezos e Mark Zuckerberg viram a luz um pouco tarde, é certo, mas ainda a tempo de se salvarem, até porque “The Donald” sabe que não vale a pena criar ou alimentar desesperados.

Uma leitura atenta da grande imprensa verá também uma gradual desactivação do discurso arrogante do Verão passado, quando Trump era uma espécie de marginal falhado, seguido por um enxame de deploráveis brancos, por alguns pobres negros, inocentes e subservientes, e por Elon Musk, um excêntrico disposto a pagar para aquilo tudo.

No entanto, ainda há pequenas alegrias que vão reactivando o velho discurso, como o júbilo de identificar e denunciar a recente “saudação nazi” de Musk ou o prazer de reportar a especial toxicidade das baterias dos Teslas ardidos em Los Angeles. Poderão ser alegrias risíveis ou até infantis, mas não deixam de ser compreensíveis, dado o espanto e o rancor perante a esmagadora vitória do hitleriano mafarrico contra todos os avisos de perigo iminente agitados nas notícias, nos polígrafos e nas análises.

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A origem desta incredulidade e da persistência deste espírito está, sobretudo, na arrogância e solipsismo de uma Esquerda – e de um Centrão político, mediático e académico dominado por ela – que se autoconvenceu e convenceu os outros que detém o monopólio da virtude, da moral, da inteligência e do entendimento da História e do seu sentido; e que ainda não percebeu, ou ainda não quis perceber, que a vitória de Donald Trump, em cuja derrota empenhou todos os meios, é também a demonstração de que começa a não convencer ninguém.

O Maio de 68, ainda era a irreprimível vontade de os filhos da sociedade burguesa desmantelarem a própria sociedade burguesa, clamando por longínquos tiranos, como Mao Tse-Ttung, por estrategas da terra dos outros,........

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