A psiquiatria nunca pode silenciar
O Observador noticiou este mês mais uma medida distópica de uma longa lista de transgressões e violações da lei internacional por parte do Irão e, desta feita, pretende-se oferecer “tratamento” psiquiátrico a mulheres que se recusem a usar véu. Verdade seja dita, a instrumentalização da psiquiatria, e o seu uso como arma por parte do governo iraniano para suprimir a dissidência e a liberdade pessoal, já não são novas. O caso da estudante iraniana que se despiu em Teerão este mês, descrita pelas autoridades como “doente mental”, e da qual não se conhece o paradeiro, é um destes casos. No passado, um dos casos que também assumiu notoriedade foi o da hospitalização psiquiátrica forçada do rapper Saman Yasin, depois de este ter exigido um processo justo no seu caso. Apesar da oposição passada de numerosos órgãos psiquiátricos e de psicologia no Irão, que fizeram um parecer público contra estas violações, a situação continua a repetir-se flagrantemente perante o olhar internacional impassível.
Quando se fala destas transgressões imperdoáveis nas redes sociais ocidentais, é muito comum verem-se comentários que instigam o leitor a deixar estas coisas, simplesmente, acontecerem. “É o país deles, são os costumes deles, não temos que nos meter”. Contudo, enquanto psiquiatra e humanista, não consigo e não quero cingir-me ao meu canto do mundo. E a perversão da minha disciplina médica ao serviço de tudo aquilo que repudio é uma provação que não pretendo sofrer de boca fechada.
Engana-se muito quem pensa que o........
© Observador
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