O reino da tática política e falta de bom senso
As escolhas difíceis, ensaiadas ainda na fase fácil, já começaram. O primeiro-ministro britânico cortou na ajuda aos países pobres para financiar os gastos em defesa. E, com isso, Keir Starmer recebeu a demissão da ministra para o desenvolvimento internacional Anneliese Dodds. Numa altura em que os Estados Unidos cortaram brutalmente na ajuda ao desenvolvimento, este é mais um golpe para os países pobres. E mostra como já estão em cima da mesa escolhas entre “canhões ou manteiga”, nesta fase ainda na versão de exportar o custo da defesa para os países pobres. Claro que a decisão foi criticada e Martin Wolf, por exemplo, defende aumento de impostos. Poucas alternativas existirão que não aumentar impostos ou reduzir despesas. Qual? A que for mais fácil, numa primeira fase.
Enquanto na União Europeia mais Reino Unido se preparam as armas para defender a paz, em Lisboa assistimos a mais um lamentável espectáculo de degradação das instituições por responsabilidade dos seus protagonistas, pela falta de coragem de uns, falta de sentido institucional de outros e défice de bom senso e avaliação inteligente das consequências das suas decisões de outro ainda, neste caso do primeiro-ministro. E quando mais precisávamos de Governo temos um desgoverno geral.
Num caos como este, o Presidente da República resolveu amuar e não atender o telefonema do primeiro-ministro porque “tinha outros afazeres”, mas na realidade porque ficou irritado por Luís Montenegro não lhe ter ligado a informar antes da comunicação que fez ao país. Em vez de contribuir para o esclarecimento e a estabilização política, Marcelo Rebelo de Sousa atira mais achas para a fogueira. Claro que, como disse António José Seguro, já devia ter chamado Luís Montenegro a Belém. A inteligência que........
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