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Em Armamar o liberalismo funciona e apaga fogos

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31.05.2025

A madrugada do dia 9 de Setembro de 1984, terá sido provavelmente a noite mais longa da história de Armamar e da aldeia de Lumiares. Por volta das três horas da madrugada, uma brigada de busca e salvamento dos Bombeiros Voluntários de Armamar chegava a casa do meu pai a pedir ajuda para procurar catorze bombeiros desaparecidos. Perante esta situação e na qualidade de presidente da junta o meu pai mandou tocar o sino a rebate para reunir os homens válidos que conhecessem a serra de olhos fechados. Foi desta forma que se montou uma operação de busca e salvamento que englobava bombeiros e populares. À medida que o dia foi clareando, guiados pelo cheiro de carne queimada, foi sendo possível encontrar os corpos ainda fumegantes dos catorze bombeiros desaparecidos.

No livro “Cercados Pelo Fogo”, do professor Domingos Xavier Viegas, o autor explica de forma detalhada o fenómeno atmosférico e todas as nuances do terreno que estiveram na origem desta tragédia. Mas a verdadeira causa da morte dos catorze bombeiros não foi o terreno nem um qualquer fenómeno atmosférico. Houve um tempo em que a Serra de Lumiares (um conjunto de montanhas subjacentes à Serra de Leomil) era terra fértil de cultivo. Ali era possível produzir milho, centeio, trigo, batatas e apascentar o gado. Até as partes rochosas cobertas por pinhais e carvalhais frondosos eram devidamente limpas, porque as pessoas precisavam de combustível para as lareiras e de matéria orgânica para fertilizar os terrenos. Depois da segunda guerra mundial, a emigração massiva de gente para o Brasil, para a Europa, para as colónias e para a Área Metropolitana de Lisboa levou a uma fortíssima desertificação e ao consequente........

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