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Saber com o que contar

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11.04.2025

O regresso do país a eleições tende a servir todo o tipo de narrativas, com inevitáveis análises e conclusões para os diferentes gostos. Em todo o caso, estas serão eleições para a confirmação de tendências – ou Portugal continua a fugir à regra europeia de aproximação ao totalitarismo, ou a moderação na política portuguesa terá os dias contados.

Ainda que, posteriormente, subdivisíveis em mais alternativas, há quatro cenários base para o que acontecerá depois de dia 18 de Maio:

Num primeiro cenário, a eleição pode guardar-nos uma monumental surpresa, apeando o atual governo para um regresso do PS, a solo ou sustentado por uma coligação maioritária à esquerda. Por muito que improvável, de acordo com as sondagens hoje disponíveis, este cenário significaria um regresso ao de final de 2023. A suceder, e mais do que concordando, ou não, com este eventual rompimento ideológico, o eleitorado estaria a reconhecer que a eleição de há um ano atrás foi um enorme erro. Neste contexto, para resolver a queda da maioria de Costa bastaria uma simples remodelação que libertasse o então Primeiro-Ministro para Bruxelas, ignorando seletivamente os parágrafos e estantes de então. Seria o sinal último de que, em Espinho, os intangíveis de agora parecem muito mais sérios. O eleitorado ignoraria, com o voto, o que este governo alcançou quanto ao reforço dos rendimentos dos pensionistas, ou à reposição do tempo de serviço dos professores, em detrimento de uma maioria de esquerda de onde originaram os mini-ciclos em que hoje nos encontramos. Além de Montenegro, também o Presidente da República seria severamente penalizado, não por ter convocado estas eleições, mas as anteriores – a repetição sucessiva do mesmo resultado não o torna novo. Em simultâneo, uma qualquer nova liderança do PSD estará condenada à travessia do deserto, com o Chega a assumir um papel central na oposição. Ainda que perdendo força – suposição obrigatória para, matematicamente, permitir a maioria de esquerda –, o novo líder da oposição seria o sempre vencedor André Ventura.

Uma outra variante deste cenário, bem mais plausível, é uma maioria de direita no Parlamento, mas com vitória do PS. Não sendo uma inversão radical da situação política, estará, antes, em causa uma mudança certa de Primeiro-Ministro. No pós-Montenegro, o novo líder do PSD aceitaria um governo minoritário de Pedro Nuno Santos, ou juntaria toda a direita para lhe fazer frente, coligando-se com o Chega. No caso de um governo PS aprovado pelo PSD, a opção seria........

© Observador