Se a política fosse uma empresa já tinha fechado
Há algo de comovente — e até de poeticamente previsível — na forma como, geração após geração, os governos se deixam encantar por juristas para os seus cargos executivos. Como se o mundo se resolvesse com argumentos bem encadeados e a realidade respeitasse vírgulas em decretos-lei.
Nada contra os advogados, entenda-se. São essenciais. São os guardiões da linguagem dos códigos, os mestres das causas nobres e das pequenas tragédias do quotidiano. Só que, ao contrário do que o uso excessivo de latinismos possa sugerir, governar não é redigir um parecer.
A gestão pública, no seu estado mais puro, é um exercício de realismo brutal, com consequências reais. É decidir sem tempo, com recursos limitados, interesses em choque e com os olhos do país a observar — mesmo que........
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