Pluralismo à la Carte: Mesma Degustação...
Vivemos tempos verdadeiramente fascinantes.
Não tanto pela riqueza dos debates políticos propriamente ditos — esses seguem o seu curso habitual — mas sobretudo pelo fenómeno que acontece depois: a interpretação mediática.
Terminados os debates, entra em cena o verdadeiro espetáculo: o desfile de especialistas prontos a explicar-nos o que realmente vimos.
E aqui, de facto, reina uma harmonia admirável: diferentes rostos, diferentes tons — mas sempre a mesma linha de pensamento.
Sobre certos fenómenos políticos, a unanimidade é quase comovente: todos concordam, em uníssono, sobre quem deve ser condenado, quem é uma ameaça, quem precisa de ser domesticado.
Não se debate: confirma-se.
Não se questiona: corrige-se.
A opinião divergente foi cuidadosamente substituída pela coragem de repetir o que toda a gente sabe que é o certo.
Aliás, não há já verdadeiro suspense.
O debate político em horário nobre tornou-se uma espécie de teatro interativo onde o público pode aplaudir ou assobiar — mas onde a crítica especializada já escreveu a peça antes do pano subir.
A cada confronto, já se sabe quem será o “estadista ponderado”, quem será o “populista desvairado” e quem sairá “claramente derrotado”,........
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