Geração de ouro? Só se for com a bola nos pés
Portugal voltou a brilhar nos palcos internacionais com a vitória da seleção nacional sub-17 no Campeonato Europeu. Uma exibição com classe, garra e maturidade que culminou num expressivo resultado de 3-0 contra a França, trazendo de volta o orgulho coletivo que tantas vezes o futebol nos oferece. E, sem dúvida, o feito deve ser celebrado, os jovens jogadores merecem o reconhecimento, e o país precisa destes momentos de união.
Mas passados os festejos, é inevitável fazer uma pergunta mais desconfortável: – Por que razão só valorizamos o talento jovem quando este surge num relvado? E mais ainda: – Porque é que o investimento, o acompanhamento e as oportunidades são reservados, quase exclusivamente, a quem calça chuteiras?
Portugal transborda talento jovem. Está nos laboratórios, onde os jovens cientistas enfrentam a crueza da escassez para tentar curar o incurável. Está nas ruas, nos palcos e nos ateliês, onde os artistas constroem cultura sem orçamento, sem palmas institucionais, e quase sempre sem futuro........
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