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O tempo e o “timing” na Defesa

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28.02.2025

Era esperado e está a acontecer. O mundo como o conhecíamos mudou de forma drástica. O dramático no atual cenário de tensões geopolíticas globais, porventura a pior e seguramente a maior ameaça está a acontecer, desde há 3 anos a esta parte no continente europeu. Com o regresso de Trump à Casa Branca, mais uma variável se junta à complexa equação de equilíbrio político, económico e social num contexto já instável. Desde a promessa de resolver a guerra na Ucrânia num dia até à incerteza sobre uma solução no curto prazo ou a garantia de uma paz duradoura, tudo permanece em aberto.

Para a Europa, surgem três cenários possíveis:

À luz destas hipóteses ou até pior, o facto incontornável é que a tranquilidade europeia acabou e agora, ou a Europa se agiganta ou arrisca-se a ser engolida pelo Kremlin. A guerra, sendo a continuidade da política por outros meios, baseia-se em números, no chamado potencial de combate. E os números são avassaladores. Sem os EUA, a Europa tem apenas 80 brigadas ativas, enquanto a Rússia possui 220. Sem as 110 brigadas ucranianas, a relação é de 3:1 a favor da Rússia, um rácio que, segundo a tática militar, garante o sucesso de qualquer ofensiva.

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Os exércitos são compostos por meios militares e meios humanos, e, se a questão do orçamento resolverá parte das limitações em sistemas de armas, no recrutamento dos cidadãos, homens e mulheres, o problema europeu é bem mais complexo. Uma fábrica de munições leva mais de 2 anos a instalar, e ao fim de 4 anos pode estar resolvido o problema das reservas de guerra em munições, mas quando passamos para o elemento Soldado, o assunto tem outras unidades de medida. Primeiro, há que reverter a pirâmide demográfica e uma década não basta, depois há que mudar pela educação e cidadania a mentalidade dos jovens das “facilidades instaladas”, ou se quiserem da “geração mais bem preparada de sempre”, e outra década será curta, e por fim ainda é necessário treinar e capacitar o combatente. Quanto tempo leva a formar um Oficial ou Sargento, os quadros das Forças Armadas (FFAA)? 10 anos para chegar a Capitão! O tempo para preparar a Europa para um conflito em grande escala passou, ou no mínimo já é escasso.

Atentemos no caso de Portugal, onde o plano “Defesa 2020” estabelecia um redimensionamento dos efetivos militares para um total entre 30.000 e 32.000 para os três ramos das FFAA, incluindo aqueles na reserva em efetividade de serviço, números nunca atingidos e de acordo com os dados mais recentes disponíveis, no final de 2023, do total de 23.425 militares, aproximadamente 54% (cerca de 12.650) pertencem ao Exército, 26% à Marinha e 20% à Força Aérea. Entre 2015 e 2023, as Forças Armadas Portuguesas registaram uma redução de efetivos de aproximadamente 20%, fruto de vários fatores, incluindo a abolição do serviço militar obrigatório,........

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