Fazer planos
Lembro-me da conversa e do esgar da mulher, há vinte anos, num jantar, quando lhe disse que fazia planos. Os jantares são a ocasião ideal para o cinismo. Ela riu-se e fez pouco da ideia. “Os adultos não fazem planos, não há maior disparate.” Todos concordaram. Os planos supunham, como continuam a supor, a possibilidade e a perenidade das promessas.
Promessas de amor, às pessoas com quem os fazemos. Promessas para connosco. A mulher e os outros adultos troçavam de promessas e do futuro e dos planos. Orgulhosa do seu saber de experiência feito, mais nova do que eu sou hoje, asseverou que só fazia planos de mês a mês e sorriu, trocista, da minha expressão de esperança. A ideia ainda me parece estúpida, embora só um pouco, muito pouco menos, ainda não me........
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