Egoísmo, confiança e fábula
Falando acerca das motivações sociais dos escritores, Harold Bloom afirmou uma vez que “Os prazeres da leitura são, na verdade, egoístas e não sociais. Sou cauteloso em relação a quaisquer argumentos que relacionem os prazeres da leitura ao bem comum.”
Dei com Bloom ainda a recuperar da leitura de Myra, de Maria Velho da Costa, e a ruminar uma afirmação da filósofa Danielle Allen: “O que conduz à desintegração da democracia é não só a desconfiança nos governos, mas a desconfiança dos cidadãos uns nos outros, de que a desconfiança interracial é uma categoria particular. Ultrapassar a desconfiança obriga a encontrar métodos de gerar benefício mútuo apesar das diferenças de posição, experiência, classe, género, identidade racial e perspectiva… Mas o cepticismo intelectual sobre a política é perfeitamente compatível com os esforços para encorajar a confiança dos cidadãos uns nos outros e, mais importante, a sua fiabilidade aos........
© Observador
