Dedicatórias (I)
Tenho pensado em dedicatórias. Agora que escrevo e autografo os meus livros, percebi que acho mais bonitas as dedicatórias que os leitores trocam uns com os outros, quando oferecem livros uns aos outros, do que as dedicatórias dos escritores para os seus leitores, muitas vezes maquinais, ou apressadas, ou interesseiras, ou vãs.
Nas dedicatórias dos livros que me ofereceram em criança, encontro o que me resta da caligrafia do meu avô. Os cheques que terá passado, os documentos importantes que assinou, passaram. As assinaturas que escreveu em livros para os netos sobreviveram. Que é uma assinatura, penso? Quantas daquelas que fazemos nos sobreviverão? Estou de novo diante da experiência fundadora da infância e adolescência de assinar muitas vezes o meu nome na mesma folha, à procura de uma assinatura ideal, de uma rubrica, que nunca arranjei. (Em miúda, aprendi a imitar a assinatura do meu pai, que era rabugenta e extravagante: assinava com ela os........
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