O Gato Quântico e o Espelho por Partir
Portugal é um poema escrito a lápis, sempre prestes a ser apagado. Um país que habita o intervalo entre o suspiro e o grito, entre o sal para o mar e o medo da maré. Vive na corda bamba de um paradoxo: celebra o passado como se fosse um altar e trata o futuro como um desconhecido a quem não se dá a mão. Somos o gato de Schrödinger em versão ibérica: nem mortos nem vivos, apenas eternamente presos no limbo de uma identidade que teima em não se definir.
O Teatro do Quase
Imagine-se um palco onde os atores ensaiam a mesma peça há cinco séculos. Os figurinos mudam — hoje fatos tecnocráticos, amanhã discursos de esperança —, mas o enredo repete se: promessas de renovação que se desfazem como açúcar na chuva. O país é um mestre da arte do quase. Quase reformámos a justiça, quase descentralizámos o poder, quase revolucionámos a educação. O «quase» é a nossa moeda de troca com o futuro. Enquanto isso, aplaudimos a ilusão. Fechamos os olhos e chamamos-lhe fé.
A Alquimia da Estagnação
Há um feitiço antigo neste solo: transformamos ouro em pó, génio........
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