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O Avô que Apitava Jogos mas Ignorava Governos 

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Era um avô daqueles que todos ambicionamos ter: figura paternal de sorriso perene, dicção melíflua e uma habilidade diplomática para desarmar conflitos que, na sua ótica, não ultrapassavam a efemeridade de guerras de recreio. Observava dois netos em fricção no quintal — um, autoproclamado demiurgo do relvado, ditando com autoridade de oligarca quem chutava, quem arbitrava, quem pagava o preço da exclusão; o outro, herdeiro de um universo desportivo paralelo onde a bola é mera coadjuvante em modalidades de suor e estratégia, revoltado contra o monopólio do irmão.

A querela ascendeu em tom. O primeiro, inflamado pela retórica do mérito capitalista, brandia argumentos de patrocínios e audiências, como se o desporto se resumisse a merchandising e minutos de ecrã. O segundo contra-atacava com a ética........

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