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Contraponto da Cegueira 

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15.05.2025

Portugal é um país que tropeça no próprio passado como um bêbado em calçada irregular. A esquerda, sempre pronta a vender nostalgia como futuro, ergueu-se sobre os ombros de uma revolução que canonizou, transformando-a em relíquia intocável. A direita, por sua vez, arrasta-se sob o peso de um estigma que não criou: um pecado original imposto por quem insiste em confundir história com dogma, e debate com heresia. Enquanto isso, o PSD, partido nascido na democracia, é obrigado a carregar o caixão de um morto que não matou — Salazar, o espectro que a esquerda mantém vivo como ator coadjuvante em seu teatro de moralidades.

A esquerda pratica uma amnésia seletiva que seria cómica não fosse trágica. Celebra a Revolução dos Cravos como epopeia de pureza, mas apaga do roteiro as próprias cumplicidades: o PCP, que saudou a invasão soviética da Hungria como “gesto libertador”; o Bloco de Esquerda, que........

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