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O ativismo é racista

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04.07.2025

A 25 de Fevereiro de 2024, soldados das forças armadas invadiram dois locais, levando a cabo uma operação militar que resultou no assassinato de 223 civis, entre os quais 56 crianças e 4 mulheres grávidas, tendo estes dados sido confirmados pela Human Rights Watch. Este massacre foi considerado um dos piores abusos perpetrados por militares ao serviço de um Estado no século XXI, mas não foram notícia, não deram origem a manifestações ou indignações, nem à criação de milhares de tweets no X. O motivo desta ignóbil reação é simples: este massacre não foi em Rafa ou Ramalá, mas sim em Nondin e Soro no Burkina Faso.

Quando grupos de estudantes se erguem na Europa ou nos EUA por causas distantes, ganhando a cobertura mediática de uma classe jornalista complacente e conivente, quantas vezes o fazem por África? Quando universidades coloridas se inflamam em gestos solidários, quantas vezes apontam para conflitos africanos, genocídios étnicos ou fome estrutural? Quantos “coletivos” de esquerda radical se indignam pelo massacre de crianças de pele negra? A resposta é simples: nunca!

Quando uma criança morre de fome no Sudão e ninguém se indigna, o problema não é a distância: é o desprezo.

A guerra, que eclode de forma brutal no Sudão, entre o exército e a RSF já custou mais de 150 000 vidas em apenas dois anos, e colocou 11 milhões de pessoas deslocadas, num conflito definido como um dos piores desde Darfur, hoje, literalmente, trancado no silêncio global. E se o silêncio é gritante nesta guerra, que dizer da barbárie no Tigré, Etiópia, onde foram mortas centenas de milhares de pessoas e onde mães desesperadas tiveram que alimentar os filhos com folhas de árvores na tentativa de mantê-los vivos, para morrerem às mãos das armas no momento seguinte. Tudo isto sem que existisse qualquer onda de solidariedade estudantil ou........

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