menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Maioria à Direita: a AD não pode recusar

7 5
yesterday

As eleições legislativas de 18 de maio de 2025 assinalaram um marco singular na evolução do regime democrático português. Pela primeira vez na história recente, três partidos posicionados à direita do PS — AD, Chega e Iniciativa Liberal — conquistam uma maioria parlamentar qualificada, ultrapassando os dois terços dos mandatos na Assembleia da República. Trata-se de uma correlação de forças politicamente raríssima, com potencial não apenas para garantir estabilidade governativa, mas também para desbloquear reformas estruturais, reconfigurar o papel do Estado e, se necessário, iniciar revisões constitucionais que há muito se encontram paralisadas por impasses ideológicos. Esta maioria não é apenas aritmética — é estratégica, com capacidade de reequilibrar o sistema, recentrar as prioridades nacionais e reconquistar a confiança dos cidadãos num projeto político transformador. Desperdiçar esta convergência seria, não um erro tático, mas uma oportunidade histórica perdida que pesará — como tantas outras — sobre a memória política de uma geração.

A vitória da AD nas urnas, embora significativa, não foi suficiente para assegurar uma maioria absoluta, tampouco lhe confere condições para governar apenas com o apoio da Iniciativa Liberal. O Chega, por seu lado, consolidou a sua posição como uma das maiores forças políticas nacionais, atingindo uma expressão parlamentar comparável à do PS e podendo mesmo ultrapassá-lo após o apuramento dos círculos da emigração. Já a Iniciativa Liberal, com menor expressão numérica, desempenha ainda assim um papel relevante enquanto portadora de uma visão reformista no plano económico e institucional. Em conjunto, estas três forças representam um bloco político com legitimidade reforçada, capacidade de atuação e expectativas depositadas por uma maioria do eleitorado que votou de forma inequívoca por uma mudança de rumo. Ignorar essa convergência não seria apenas um erro estratégico — seria defraudar a vontade popular num momento crítico da vida democrática.

A mudança exigida pelo eleitorado não se concretiza com declarações de ocasião, nem com apelos vagos à........

© Observador