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Entre a lenda e a urgência de um novo paradigma

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07.04.2025

“Augurai, gentes vindouras,
Que o rei, que de aqui há-de ir,
Vos há-de tornar a vir
Passadas trinta tesouras.”

É com esta trova que Bandarra, poeta e profeta português do século XVI, deu origem à crença que viria a ser conhecida como Sebastianismo. Mais do que uma simples lenda, esta narrativa entranhou-se profundamente na identidade e no imaginário coletivo português. Mas enganam-se aqueles que pensam tratar-se apenas de um mito distante; hoje, mais do que nunca, o sebastianismo tornou-se numa espécie de crença, até mesmo uma certeza contemporânea, vivida e alimentada discretamente pelos corredores do poder político e académico.

Fernando Pessoa, talvez o mais eminente pensador português a seguir a Bandarra, resgatou estas profecias e deu-lhes uma renovada vitalidade. Pessoa viu-se a si mesmo como possível personificação desse espírito sebastiânico, interpretando as “trinta tesouras” como um intervalo temporal após a sua morte, no final do qual surgiria aquele que traria novamente grandeza e glória a Portugal. Atualmente, alguns círculos acreditam firmemente que esta figura........

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