Antártida: um alerta, não um alívio
Nos últimos meses, um dado surpreendente emergiu no debate climático: entre 2021 e 2023, a Antártida apresentou um ganho médio de 108 gigatoneladas (Gt) de gelo por ano. O estudo, publicado na Science China Earth Sciences e replicado por meios de comunicação internacionais como o New York Post, aponta uma inversão temporária na tendência de perda acelerada da última década, que chegou a atingir 142 Gt anuais entre 2011 e 2020.
É fácil imaginar o surgimento de um manancial de manchetes otimistas, mas irrealistas: “A Antártida está a recuperar-se!”, “É o fim do aquecimento global”. Mas o entusiasmo dissipa-se rapidamente à medida que se analisa o fenómeno com o rigor que o tema exige. O que ocorreu foi um episódio de variabilidade climática natural, e não uma reversão da crise climática global. O planeta segue em aquecimento acelerado e a Antártida, apesar deste “respiro”, continua a derreter, e de forma acelerada.
A origem do ganho de gelo está bem identificada. Os dados foram obtidos pelas missões GRACE e GRACE-FO, que medem alterações no campo gravitacional terrestre causadas por mudanças de massa, como variações de........
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