Quando a Luz se Apaga, Apagam-se Também as Ilusões
Ontem, 28 de Abril de 2025, Portugal mergulhou numa escuridão inesperada. Um apagão em larga escala, que também afectou Espanha e parte do sul de França, revelou, de forma brutal, as fragilidades que temos preferido ignorar. Se é verdade que a falha teve origem num problema na rede eléctrica europeia, também é verdade que o comportamento das nossas instituições públicas perante a crise nos deixou a todos numa preocupante sensação de abandono.
Não se tratou apenas da falta de eletricidade; tratou-se de uma falha de comunicação, de uma lacuna na proteção civil, de uma demonstração clara de que, em caso de catástrofe maior, estaríamos completamente por nossa conta. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) demorou horas a emitir qualquer tipo de aviso à população (que eu não recebi nada!). Quando finalmente o fez, limitou-se a enviar mensagens por SMS, tarde demais para que tivessem um impacto efectivo.
Esta é a mesma entidade que, há poucos meses, quando o território continental foi sacudido por pequenos sismos de magnitude moderada, veio rapidamente tranquilizar os cidadãos dizendo que “não era necessário” tomar medidas adicionais. “Não havia risco”. “Tudo normal”. Refiro-me, em particular, aos sismos registados em 26 de........
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