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Na Rota da Estrela: o Evangelho Português

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13.06.2025

“…uma estrela virá de Jacó e um ceptro se erguerá de Israel…”
Números 24:17

“Eu sou o fundador, e destruidor dos
Reinos, e Impérios; e quero em ti e teus
descendentes fundar para mim um
Império, por cujo meio seja meu nome
publicado entre as Nações mais
estranhas.”
Juramento de D. Afonso Henriques 1

Porque assim como o filho de Deus
depois da morte que tomou por salvar a
humanal linhagem, mandou pelo mundo
os seus apóstolos pregar o evangelho a
toda criatura /…/; assim o Mestre [de
Avis], depois que se dispôs a morrer se
cumprisse, por salvação da terra que
seus avós ganharam, enviou Nun’Álvares e
seus companheiros pregar pelo reino o
evangelho português /…/.”
Fernão Lopes. Crónica de D. João I

As epígrafes sinalizam o itinerário que vai da profecia do Messias ao pacto deste com D. Afonso Henriques e ao Evangelho Português, projecto nacional-imperial que se irá adaptando às circunstâncias. No mito de Ourique, fixam-se as coordenadas de uma história a fazer-se, mensagem que a comunidade inscreverá em letra e pedra através dos tempos e dos lugares, embebendo a nossa mais destacada e identitária patrimonialidade.

Ensaiarei, aqui, um breve roteiro de alguns desses “lugares de memória” (Pierre Nora) onde se sinaliza, insuspeitadamente, a construção de uma identidade nacional por desígnio divino (que o fado canta) e o projecto político nacional em transformação…

A Cruz e a Espada dominaram o mito fundador, replicando-se codificadamente no Mosteiro de Sta. Cruz de Coimbra (1131) e no Castelo de Tomar (1160), onde a árvore seca reverdece (Charola) unindo-os, envolta em mariana trepadeira de lendária miraculosidade fundadora........

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