Há quem olhe para o crescimento do Chega como uma aberração política. Outros preferem vê-lo como um susto que há de passar. Mas talvez estejamos todos a olhar para o lado errado. A verdade é que este voto não é, para muitos, uma adesão entusiasta a um programa — é um grito de exaustão coletiva. O Chega acendeu o fósforo, sim. Mas o país já estava seco, cheio de matéria inflamável, acumulada por anos de frustração, promessas falhadas e um sistema político que parece feito para ignorar quem grita mais baixo.

Os partidos tradicionais já não respondem ao que inquieta a maioria dos portugueses. A degradação dos serviços públicos, os transportes caóticos, as listas de espera infindáveis, os salários baixos e a burocracia que asfixia quem quer........

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