A Alemanha virou à direita
Em linha com o que as sondagens pré-eleitorais apontavam, os eleitores alemães penalizam fortemente os partidos que sustentavam a coligação governamental: o SPD perdeu quase dez pontos percentuais registando o seu pior resultado desde 1887, o FDP foi arrasado nas urnas passando de 11,4% para menos de 5% e ficando sem representação parlamentar e os Verdes — os menos penalizados — perderam ainda assim 3 pontos percentuais e 33 mandatos. Os dois grandes vencedores foram a CDU/CSU que venceu as eleições (ainda que com apenas 28,5%) e a AfD que duplicou o seu resultado superando a barreira dos 20% e tornando-se o segundo maior partido na Alemanha. À esquerda, o radical populismo representado pelo novo BSW falhou por uma pequeníssima margem o patamar dos 5% que lhe permitiria ter representação parlamentar, mas o Die Linke capitalizou com a insatisfação com o governo, em especial na parte Leste do país.
Os resultados confirmaram a tendência das recentes eleições na Turíngia e na Saxónia, assim como das eleições europeias na Alemanha. Cerca de metade do eleitorado votou na CDU, CSU ou AfD nas eleições legislativas de 2025 quando em 2021 tinham sido apenas cerca de 35%. Mas talvez mais significativa que essa soma seja considerar que em 2021 CDU/CSU e SPD recolheram já apenas 49,8% dos votos mas quatro anos depois esse valor baixou ainda mais para 44,9%. O fortíssimo crescimento da AfD é ainda mais significativo por o partido liderado por Alice Weidel se situar no quadrante mais extremo da nova direita europeia. Posicionamento esse que justifica a exclusão da AfD (pelo menos por enquanto…) do grupo europeu “Patriotas pela Europa”, onde pontificam Viktor Orban e Marine Le Pen e que agrega partidos como o Vox ou o Chega.
Além da forte divisão entre Alemanha Ocidental e Oriental (é nesta última que as forças radicais AfD........
© Observador
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