Educar dá trabalho e não há app que substitua isso
Quando os pais “se demitem”, as escolas cedem e a sociedade digitaliza sem critério, o que acontece? A educação em Portugal está a caminhar para um modelo tecnológico que esquece o essencial: a presença, o pensamento crítico e a responsabilidade.
Vivemos tempos em que a transformação digital tornou-se sinónimo de progresso. Em todas as áreas, incluindo na educação, a tecnologia é apresentada como solução. Mas quando olhamos com atenção, percebemos que muitas vezes se digitaliza sem critério, sem preparar o terreno e, pior ainda, esquecendo o que realmente conta: o desenvolvimento humano.
Um dos casos mais recentes que me deixou perplexa foi o de um exame nacional de Português onde os alunos tinham de utilizar auriculares para ouvir um áudio. A questão é simples e preocupante: como pode um professor garantir que o aluno está a ouvir o áudio do exame e não outra coisa? Em que momento decidimos que a tecnologia valia mais do que a segurança e a seriedade de uma avaliação nacional? E mais: como é que um exame de Português é feito exclusivamente no computador, sem uma única linha escrita à mão? Já nem é preciso saber escrever? A caligrafia, a expressão manual, o ritmo do pensamento a passar para o papel, tudo isso já não conta? Estamos mesmo dispostos a abdicar de........
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