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O que é que se passa, doutor?

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30.05.2025

Há muitos anos que tentamos descobrir onde está a doença do Serviço Nacional de Saúde. Porque é que gastamos cada vez mais e temos a sensação de ser cada vez mais mal servidos, esperar mais, fecharem mais urgências, fugirem mais utentes, quando o conseguem pagar, para os seguros e hospitais privados. O diagnóstico mais habitual, claro, são os políticos, alvo fácil quando se quer apontar o cancro de tudo: os governos em geral, os ministros da saúde em particular, invariavelmente incompetentes e amiguistas, que não conseguem nem querem dar a volta à questão. Depois, vêm os privados, esses malandros, dos laboratórios às seguradoras e aos hospitais-empresa que querem é lucrar à custa da doença dos pobres. E, finalmente, quando falta mais alguma coisa que explique a dimensão do problema, são esses mesmos, os doentes, os pobres, a quem acusamos de atafulharem as urgências sem que estejam, pelo menos, paralisados da cintura para baixo, à beira da apoplexia ou, preferencialmente, a meio do segundo AVC.

Por estes dias, no entanto, despertámos para outra doença possível, graças aos intrépidos serviços prestados à pátria pelo doutor Miguel Alpalhão, dermatologista de 33 anos, que fez o exame de internato há ano e meio, e já ganha 50 mil euros num só dia em cirurgias extra prestadas no hospital Santa Maria. Tentemos que o seu sacrifício não seja em vão. Que os 400 mil euros que ganhou em 10 dias que podia ter passado em família ou a descansar, em vez de estar a inserir códigos no sistema que, agora que a CNN divulgou o caso, as autoridades competentes vão, enfim, verificar se correspondem realmente aos procedimentos efectuados, não sejam atirados ao lixo e nos permitam colocar a pergunta: quem sabe se o mal que afecta o SNS não poderá estar também nos médicos? Atenção: é........

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