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Nação valente (fora de serviço)

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27.06.2025

Imagino que também tenha aparecido nos feeds das suas redes: “Irão vai pedir explicações a Portugal sobre uso da Base das Lajes”, ou títulos similares. A notícia vinha, provavelmente, acompanhada por um de dois tipos de comentário de quem a partilhava: um receoso “agora é que nos lixámos” ou um triunfal “faz lá peito agora.” Quase juraríamos, no entanto, que qualquer das atitudes, aparentemente muito distintas, coincidiam no facto de nem terem aberto a notícia antes de a partilhar. Se o tivessem feito, em vez de imaginarem logo mísseis balísticos a cair entre as vaquinhas da manta de retalhos terceirense ou fatwas decretadas contra o Nuno Rogeiro, talvez tivessem antes achado caricato que o autor da declaração, o embaixador iraniano em Lisboa, só tivesse sabido da notícia naquele momento, questionado pela Rádio Renascença. Não disporá o Irão de serviços de informações? Não levará a sério a ameaça açoriana à sua existência, ao consentir a aterragem de uma dúzia de aviões possivelmente usados no reabastecimento de outros, envolvidos na “Guerra dos 12 Dias”?

Mas, enfim, o senhor lá disse que iam averiguar e que, se houvesse chatice, então sim, perguntariam ao governo português, porque, na verdade, se tinha tratado de um ataque a “instalações nucleares pacíficas” (será só a mim que isto soa como “moca de pregos amigável”?) e que não costumam ter problemas com Portugal. “A última questão remonta há 500 anos, quando os portugueses estavam na nossa região do Golfo Pérsico”, disse, revelando que a menor atenção dada à actualidade lusitana poderá ser compensada por um apreciável conhecimento histórico.

Claro que isto não ficou pelas redes sociais e, rapidamente, saltou para a política,........

© Observador