É favor não bater no PC
A leitora sabe como é e o leitor também: uma pessoa não chega para tudo. Esta semana, disseram que tínhamos absolutamente de ver o “Adolescência” e a entrevista de José Rodrigues dos Santos a Paulo Raimundo. E o cronista optou pela segunda – pareceu-lhe mais relaxante. E como seria de esperar, perante o escândalo generalizado, mais de mil queixas para a provedora do telespectador, o clamor do PCP a falar em “vergonha”, “provocação” e em activar “todos os meios legais” ao dispor; o de toda a esquerda, que logo veio em socorro espiritual do antepassado, e o das inefáveis redes sociais, sempre prontas a saltar para a carcaça do primeiro incauto que tropece no caminho, não havia nada para ver.
Na estrada para as legislativas, o pivô do “Telejornal” da RTP recebeu o secretário-geral do Partido Comunista para uma entrevista de 10 minutos e, de facto, não se falou, uma só vez de legislativas. Porquê? Por uma razão simples: porque o jornalista não aceitou engolir a cassete do PCP e seguir em frente. Processem-no. Tirem-lhe a carteira. Mandem-no para o gulag aprender liberdade de imprensa.
Tudo começa com uma pergunta perfeitamente legítima: dias antes, na Assembleia da República, o PCP foi o único partido a recusar-se a aplaudir os deputados ucranianos de visita ao Parlamento, assim como, já no final de Fevereiro, fora o único a rejeitar um voto de solidariedade para com o povo ucraniano, no terceiro aniversário da guerra – não era sequer um voto de condenação da Rússia, note bem; era um voto de solidariedade para com o povo ucraniano, mas o PC, mesmo assim, votou contra. “A minha pergunta é muito simples”, disse, mais........
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