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Como a UE pode fazer dos desafios, oportunidades 1

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25.06.2025

Vivemos num mundo com fortes mutações geopolíticas e tecnológicas. A UE está hoje sujeita a um conjunto de desafios que, segundo os seus líderes, ameaçam a sua própria existência. Mas estes desafios também representam importantes oportunidades que esta geração política ou aproveita ou desperdiça, colocando-nos numa posição de grande fragilidade económica e política. As medidas de política propostas pelo Relatório Draghi, publicado em setembro de 2024, já estão em parte ultrapassadas pela evolução geopolítica vertiginosa dos últimos meses, sobretudo pelas medidas de políticas tomadas por Trump desde o início de 2025. A guerra comercial e as convulsões dentro da NATO e o agravamento da guerra da Rússia contra a Ucrânia, e do Médio Oriente, bem como as ameaças que estas colocam à UE, sem esquecer as ameaças da China, são as maiores ameaças que a União já enfrentou desde o fim da Guerra Fria, e poderíamos mesmo dizer desde a II Grande Guerra.

Neste primeiro ensaio vamos abordar os desafios lançados pela nova ordem económica internacional no domínio do comércio internacional pelo Trumpismo, que foi abordado nos nossos últimos quatro ensaios. Primeiro, veremos as relações bilaterais com os EUA e depois as relações bilaterais e multilaterais com o Resto do Mundo. Em seguida, abordamos o tema da construção de um Mercado de Capitais Único, que permitiria uma maior autonomia financeira e uma das principais bases para a aceleração do crescimento. Finalmente, abordamos uma importante oportunidade, que se refere a algumas das políticas mais relevantes para aumentar a relevância do Euro como moeda de reserva a nível global. Esta é claramente uma oportunidade que a UE pode aproveitar para aumentar a capacidade de diversificação dos portfolios dos grandes investidores internacionais, permitindo à UE uma maior mobilização de recursos financeiros a nível internacional. E, não mesmo despiciente, aumentar a capacidade de financiamento da sua segurança e crescimento económico.

No segundo ensaio abordaremos a questão da segurança e indústrias de defesa e o tema da política industrial e cadeias de produção.

Em 2024 a UE importou 334 mil milhões de Euros dos EUA e exportou 532 mil milhões para os EUA, o que representa um excedente de cerca de 200 mil milhões de Euros. Não admira que Trump, numa visão mercantilista, tenha escolhido a UE como um dos seus principais alvos de ataque. No primeiro onda de tarifas, Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações de todos os países de aço, alumínio e carros. Entretanto, as tarifas sobre aço e alumínio subiram para 50%. Em resposta, a UE impôs tarifas sobre um pacote de importações dos EUA equivalente a 21 mil milhões de Euros, que afetam produtos politicamente sensíveis como soja, aves, motociclos, e outros produtos agrícolas.

No início de abril, como parte das chamadas “tarifas recíprocas”, os EUA impuseram uma tarifa geral de 10% sobre todas as importações. Em resposta, a UE instituiu uma tarifa de 25% sobre 99 categorias de importações dos EUA. Setores como os automóveis, farmacêuticos e maquinaria, que estavam fortemente dependentes do mercado americano, já começaram a sentir quebras de exportação.

O nível mais elevado de tarifas impostas sobre a UE, de 25%, foi suspenso por 90 dias. Tem havido negociações entre as partes, mas Trump já manifestou o desagrado sobre a sua evolução. Sugeriu, para reduzir de imediato o excedente da UE, que esta se comprometa a comprar petróleo e gás num montante de 350 mil milhões de USD. Caso as negociações falhem, a UE já tem preparada uma lista de tarifas que afetam 95 mil milhões de Euros das exportações dos EUA, e que incluem carros, aviões e Bourbon. Além destas medidas, outras se têm discutido no domínio das grandes empresas digitais e dos serviços, onde os EUA têm um elevado excedente sobre a UE.

A UE tem procurado retaliar dentro das regras da OMC, num sinal de respeito pelas organizações multilaterais. O impacto sobre o PIB da UE tem sido estimado pelas organizações internacionais em 0,2 a 0,8%.

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