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Loures: o vídeo, as partilhas e o silêncio que nos

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02.04.2025

Há muito que Zygmunt Bauman nos alertava para os perigos da “modernidade líquida”, um tempo em que tudo escorrega, tudo se desfaz, tudo se substitui. Pessoalmente, acho que hoje, já não vivemos apenas numa modernidade líquida. Entrámos numa fase ainda mais volátil, efémera e desestruturada. Uma modernidade gasosa, onde os valores se evaporam, a consciência colectiva rareia e o único culto que se mantém firme é o novo culto do “EU INDIVIDUAL”.

O recente caso com que nos deparámos nos últimos dias — a violação de uma jovem de 16 anos por três “influencers”, em Loures, filmada e disseminada nas redes sociais sem qualquer intervenção ou denúncia de quem assistiu — não se afigura como uma simples tragédia individual. É um retrato brutal do estado da nossa sociedade. Um vídeo de sofrimento foi consumido e partilhado por milhares, em silêncio, como se fosse apenas mais um conteúdo viral. Um crime tratado como entretenimento.

Vivemos obcecados com a exposição e a aprovação instantânea. O sofrimento dos outros transformou-se em espectáculo mediático. A empatia foi substituída por estatísticas de........

© Observador