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Intriga Anglo-Portuguesa na Época Tudor

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31.05.2025

Durante trezentos anos, um manuscrito intitulado “Uma Breve História dos Reis de Portugal” permaneceu intocado nos arquivos da Sociedade de Antiquários de Londres, até que os académicos Nuno Vila-Santa e Kate Lowe, das universidades de Lisboa e Londres, o reconheceram como um documento de grande importância histórica. Por meio de pesquisa minuciosa, eles estabeleceram que se trata da transcrição de um tratado datado de 1569/1573, escrito como um aide memoire para William Cecil (que mais tarde se tornaria Lord Burghley), que foi o mentor do Conselho Privado que assessorou a monarca Tudor Elizabeth I como Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e, posteriormente, como Lorde Alto Tesoureiro.

O manuscrito é encadernado em pergaminho e consiste em doze páginas, dois fólios e uma pagina alargada que mostra em ordem cronológica a genealogia das famílias reais, de D. Afonso Henriques a D. Sebastião. As páginas apresentam marcas d’água inglesas e foram escritas em letra cursiva do século XVI por um copista profissional que adicionou entre parênteses um comentário que expande a narrativa. As margens são anotadas por Lord Burghley, em cuja extensa biblioteca o manuscrito foi mantido até 1687, quando foi vendido ao Conde de Stamford por dois xelins e oito pence. Também foram incluídas nessa venda obras de autores portugueses do século XVI, como Pedro Nunes, Jerônimo Osório e Damião de Gois. Estas testemunham o interesse político de Cecil em Portugal, que, naquela época, era considerado uma importante potência europeia e frequentemente chamado a arbitrar entre as facções conflitantes da........

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