A nossa ‘surpresa de outubro’?
Nas eleições presidenciais norte-americanas de 1980, um dos motivos pelos quais Jimmy Carter estava permanentemente atrás nas sondagens era a sua incapacidade em resgatar do Irão os reféns que tinham ficado retidos aquando a revolução iraniana que levou ao poder o Ayatollah Khomeini. O que os estrategas de Ronald Reagan mais receavam era que Carter conseguisse a sua libertação a tempo de influenciar o resultado das eleições. Batizaram então esse evento noticioso – que nunca aconteceu – de ‘surpresa de outubro’ (uma referência ao facto de as eleições americanas realizarem-se sempre na primeira terça-feira de novembro).
A verdade é que a expressão pegou. E desde então muitos outros eventos foram considerados ‘surpresas de outubro’, uns com mais efeitos do que outros. Em 1992 o antigo secretário da Defesa Caspar Weinberger foi acusado pelo seu papel no escândalo Irão-Contras, afetando a candidatura de George H. W. Bush. Oito anos depois, a poucos dias das eleições, o seu filho George W. Bush esteve prestes a ser alvo de uma nova surpresa quando foi revelado que anos antes tinha sido preso por conduzir embriagado. Todavia, o seu adversário de então, o vice-presidente Al Gore não quis explorar o tema e o assunto acabou por morrer. Já em 2016, quando o diretor do FBI James Comey decidiu reabrir o caso dos emails de Hillary Clinton, Donald Trump não desperdiçou a........
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