A culpa não é do apagão, é nossa
O apagão elétrico que paralisou Portugal deveria servir-nos de alerta. Não foi a falha na rede espanhola a verdadeira responsável pela dimensão do impacto. Foi, sim, o facto de Portugal ter exposto, uma vez mais, a sua fragilidade estrutural e a incapacidade histórica de pensar estrategicamente o país. Durante horas, ficámos sem semáforos, sem multibanco, sem internet, sem acesso a informação básica, mergulhando num cenário de vulnerabilidade que não deveria surpreender ninguém.
A dependência energética do exterior, sem a existência de reservas operacionais, planos de contingência ou infraestruturas de resposta autónoma, é apenas um dos muitos exemplos de como Portugal falhou na construção de centros de decisão e de resiliência nacional. Não se trata apenas da questão da propriedade, mas da ausência de uma visão nacional que assegure que, perante falhas externas, existam soluções internas robustas e eficazes. O mesmo sucede com as telecomunicações, cada vez mais concentradas em operadores estrangeiros; com os grandes portos e aeroportos,........
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