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Encontrado dentro de um volume de Shelley

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03.05.2025

A minha adversária ia deitando a mão a todas as encadernações em pele antigas que lhe apareciam à frente. Nem se dava ao trabalho de olhar para o título, o que levantava fortes suspeitas de que queria os livros apenas para enfeitar. Mas, fosse pelo mau estado, fosse por outra razão qualquer, ainda tive oportunidade de ficar com dois ou três.

Um deles era um volume maltratado com obras de Percy Bysshe Shelley.

A primeira página, de um tom amarelado, ostenta a data de 1847. Mas por favor não me peçam um resumo: são centenas de poemas, traduções, fragmentos, cartas, ensaios, impressos num corpo de letra diminuto, mais adequado para notas de rodapé.

Shelley é o poeta romântico por excelência: impulsivo, amante da natureza, corajoso e azarado. Nasceu numa família abastada e cresceu numa grande casa de campo cujas origens remontavam ao século XIV. Deu sempre mostras de uma certa rebeldia. Estudou na elitista escola de Eton, onde os colegas faziam dele gato-sapato, e depois em Oxford, de onde acabaria expulso por ter escrito – e nunca ter renegado – um panfleto provocatório intitulado The Necessity of Atheism (A Necessidade do Ateísmo).

A coerência........

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