O Matuto e o Calor
O Matuto aprendeu uma palavra nova: “bochorno”. Credo! Que palavra feia. Pois é. Entretanto, esta palavra feia pode ser proferida até diante de senhoras finas porque não irá escandalizar nem suscitar rubores faciais. O Matuto sabe de fonte segura que ‘bochorno’ designa uma “atmosfera abafadiça e insalubre”; ou ainda “calor sufocante”.
A primeira vez que o Matuto ouviu a palavra ‘bochorno’ achou que era uma coisa gorda, adiposa, flácida, balofa, ensebada, pachorrenta, paquidérmica, pastosa, indolente, molengona, obscena ou até pusilânime. O Matuto ficou chocadíssimo. Pensou que a questão era pessoal. Como são as palavras. Elas têm forma, som e cor próprias. Afinal, o Matuto sabe de fonte segura que se pode dizer “que bochorno” como quem diz “está um calor de rachar”. Todavia – pontua o Matuto – no Brasil a expressão vem com um........
© Jornal SOL
