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Presidenciais e “estado geral”: experiência ou demagogia?

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27.03.2025

Num ano em que as eleições autárquicas deveriam dominar o debate político e o espaço mediático, a questão das presidenciais mantém-se persistentemente em evidência, alimentada tanto pelo comentariado televisivo como pelas dinâmicas da imprensa em geral. Nem mesmo o impacto de umas inesperadas e desnecessárias eleições legislativas foi suficiente para relegar para segundo plano as movimentações e ambições presidenciais. Pelo contrário, estas continuam a emergir, seja por iniciativa própria dos candidatos, seja pelo impulso conferido pelas agendas noticiosas. Num contexto internacional marcado pela incerteza, Portugal optou, paradoxalmente, por adicionar instabilidade ao seu próprio cenário político. Em vez de se centrar no essencial – a construção de uma solução de governança duradoura e eficaz –, o País assiste a um desfile de figuras que, assumidamente ou não, começam a posicionar-se para a sucessão presidencial.

À esquerda, a divisão interna do PS reflete-se na ausência de um candidato consensual: António José Seguro não galvaniza a unanimidade socialista, António Vitorino não desperta entusiasmo e, perante este vazio de liderança, falta apenas o inefável e inenarrável Augusto Santos Silva oficializar a sua candidatura, completando o ciclo da fragmentação. Noutro registo, emergem também os candidatos da cacofonia: André Pestana e Mariana Leitão dificilmente serão mais do que ruído de fundo, meros protagonistas marginais num debate presidencial que exige substância e capacidade agregadora. Se não fossem surpreendidos pelo advento das legislativas, André Ventura e Joana Amaral Dias também certamente se juntariam a este coro estridente, mas o calendário, e ainda bem, traiu-lhes as ambições.

Resta então o apressado e experimentado político Marques Mendes, que, apesar de anos a fio como comentador residente e de um suposto conhecimento aprofundado da realidade nacional, não antecipou que a realização de eleições legislativas desviaria a atenção da sua precoce manifestação de candidatura. Ainda mais surpreendente é a sua primeira acção de campanha: a convocação dos chamados “Estados Gerais” para identificar os problemas do País – precisamente aqueles que, na sua........

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