Um lobo não usa coleira
O Rui de Azevedo Teixeira, que foi Comando na Guerra de África e professor universitário, sempre alinhou na perfeição o eixo da Guerra e da Literatura, como o demonstrou em O Elogio da Dureza, obra-prima em que a realidade ultrapassa a ficção. Conhecemo-nos há mais de uma década, quando publicou a sua biografia de Jaime Neves, que muito apreciei. Sem surpresa, tornámo-nos amigos e, pela sua mão e com muita honra, fui convidado para a sua «comandita». A Guerra e a Literatura não se resumem ao plano teórico, como o Rui, que as viveu, sabe melhor que ninguém. São coisas de homens, que seguindo a tradição se reúnem para trocar histórias vividas. Afinal, foi assim que nasceu a História. Nestes almoços há encontros aparentemente improváveis, mas que fazem todo o sentido. Há homens à esquerda e à direita, de diferentes gerações, há antigos combatentes e jornalistas, há professores, editores e tradutores, há até alguns em que tais etiquetas se acumulam.
Foi num destes encontros que o Rui me apresentou ao Carlos Matos Gomes e a aproximação foi cautelosa, mas sempre respeitosa. Até que um dia, saía eu da saudosa Livraria Campos Trindade, e vi que o Matos Gomes, como eu o tratava,........
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